A tua sala parece um museu

A tua sala parece um museu

Há algo de profundamente inspirador numa sala que convida à curiosidade, onde cada objeto desperta perguntas e provoca o olhar. Mas quando falamos de “sala”, não falamos de um espaço fechado. Falamos da ideia de escola que se faz em qualquer lugar: no campo, junto ao muro, à sombra de uma árvore, ou no interior de um pequeno abrigo onde repousam as inúmeras coleções de pedras, sementes, conchas... todas repletas de histórias.

A escolha de bons materiais (de fins abertos) é mais proveitosa do que qualquer brinquedo. Os brinquedos oferecem gestos previsíveis, respostas prontas, uma única possibilidade. Os materiais, pelo contrário, abrem mil caminhos, alimentam o pensamento criativo, a experimentação e a verdadeira aprendizagem.

Um adulto curioso, investigador e profundamente ligado à natureza inspira o olhar das crianças e aguça a sua curiosidade. É ele quem apresenta o mundo de forma ampla, ajudando-as a ver e compreender as ligações entre os seres vivos, dos mais pequeninos aos maiores, dos invisíveis aos grandiosos.

Como lembrava Loris Malaguzzi, citado por Carla Rinaldi (2013), “nada sem alegria”. Esta alegria está na descoberta, no toque, na tentativa, na hipótese, na escuta atenta e na surpresa que surge quando o pensamento se torna visível.

Uma sala que parece um museu é, afinal, uma forma de olhar o mundo. Um lugar em movimento, habitado por relações, onde o aprender e o viver se entrelaçam.

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Apesar de os nossos espaços interiores serem belos, são, sem dúvida, preenchidos pelo que está lá fora. A natureza é abundante nas nossas salas. As fotografias nas paredes remetem-nos para um lugar largo e um tempo extenso, lembrando-nos que a aprendizagem não tem fronteiras e que o pensamento cresce quando encontra o mundo.

Propostas que acolhem

Esta semana, aproveitámos o momento de acolhimento para deixar várias propostas com tampinhas cuidadosamente dispostas, convidando as primeiras crianças a explorar. O início do dia tornou-se um tempo de descoberta, em que a curiosidade conduziu o gesto e o olhar.

Entre as cores, tamanhos e formas, surgiram naturalmente experiências de seriação, organização e contagem. Os jogos, simples e acessíveis, transformam-se num laboratório de pensamento matemático, onde as crianças compararam quantidades e inventaram padrões.

Temos muitos produtos digitais que permitem trabalhar diferentes competências usando as tampinhas

Quando os materiais estão disponíveis e apresentados com intenção, o acolhimento deixa de ser apenas um tempo de chegada: torna-se um momento de concentração, de diálogo silencioso com o que está à espera de ser descoberto.

Como recorda David Sobel (2008), “as crianças aprendem melhor quando o que fazem tem um significado no seu mundo”. E, neste pequeno início de dia, cada tampinha encontrou o seu lugar, não por imposição, mas por descoberta.