Contar com castanhas é um exemplo simples mas profundamente significativo de como a aprendizagem pode nascer da relação com a natureza. Numa escola que privilegia o contacto diário com o ambiente natural, cada elemento recolhido do chão (como folhas, pedras ou castanhas) transforma-se em matéria viva de exploração.
As castanhas, para além de serem um fruto de outono, tornam-se unidades de medida, peças de contagem, objetos de comparação e até elementos narrativos. Ao manipulá-las, as crianças não só exercitam competências matemáticas como a noção de número, quantidade ou ordem, mas também desenvolvem capacidades de observação, concentração e colaboração. Esta prática traduz aquilo que David Sobel (2008) designa como aprendizagem situada, em que o conhecimento emerge da experiência direta com o contexto e não de abstrações desligadas da vida quotidiana.
Além disso, ao usarem castanhas para contar, ordenar ou construir padrões, as crianças ligam-se ao ciclo das estações e reconhecem a riqueza cultural e ecológica que cada elemento natural transporta. Como refere Carla Rinaldi (2006), a aprendizagem não é só aquisição de competências formais, mas também a construção de significados que ligam a criança ao mundo, dando sentido às suas experiências.
Assim, numa escola na natureza como a nossa, aprender a contar com castanhas não é apenas matemática: é um encontro entre corpo, pensamento e território, onde a simplicidade do gesto pedagógico se abre a múltiplas formas de descoberta.
Quando aliamos a matemática às histórias de outono abrimos espaço para que os números ganhem corpo e imaginação. Duas castanhas na palma da mão permitem falar de contagem concreta, da relação um a um, da noção de quantidade que se pode tocar e mover. Ao mesmo tempo, milhões de folhas a cair das árvores convidam a pensar no infinito, no incontável, no que só pode ser imaginado.
Este movimento entre o tangível e o abstrato é essencial no desenvolvimento matemático das crianças, pois permite que o pensamento se expanda entre aquilo que se vê e aquilo que se sonha. Como defende Lella Gandini (2012), a aprendizagem ganha densidade quando se apoia em metáforas poéticas e narrativas, que oferecem à matemática uma dimensão cultural e estética.
As histórias de outono tornam-se assim um cenário privilegiado para que os números não sejam apenas símbolos escritos, mas experiências vividas e partilhadas. Contar castanhas, imaginar folhas sem fim é um modo de aproximar a matemática da vida, integrando-a numa aprendizagem sensível e significativa.
Book: "SWEEP" & "LITTLE GOOSE'S AUTUMN"
A matemática em todo o lugar
Quando as crianças procuram folhas de diferentes formatos, tamanhos e cores, estão a exercitar competências de classificação e categorização. Ao organizarem as folhas em grupos – por forma, por cor, por tamanho – começam a entender conceitos matemáticos fundamentais, como comparação, correspondência e padrões.
Dialogar sobre as diferenças entre as folhas desenvolve ainda linguagem matemática: usam termos como maior, menor, mais largo, mais estreito, simétrico, desigual, contínuo ou pontiagudo. Estas observações estimulam o raciocínio lógico, a atenção ao detalhe e a capacidade de argumentar sobre escolhas, fortalecendo competências de pensamento crítico.
Além disso, esta prática conecta a matemática ao mundo real e sensível, mostrando que números, formas e medidas não existem apenas no papel: estão presentes nas experiências quotidianas e na natureza. Contar, comparar e organizar folhas é, assim, uma forma de aprender matemática de forma viva, exploratória e significativa, alinhada com a nossa filosofia (Abordagem Reggio Emilia) em que a aprendizagem se dá através da experiência e da reflexão partilhada.
Os diferentes materiais podem ser encontrados na nossa loja Online.
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Livreto 1 "A matemática na abordagem Reggio Emilia"
E-book com 40 páginas e 53 imagens está recheado de propostas e fundamentação teórica para que te possas inspirar e... Read more
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Vários livros de consulta mas em português podem ler no "Lá Fora" da Planeta Tangerina.
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Morcegos - Guardiões da Noite
Sabiam que em Portugal existem 25 espécies de morcegos?
Material de 12 páginas sobre os morcegos, contendo informação... Read more
Fica a partilha de uma pequena rima que inventamos
Webinares
No sábado passado decorreu o Webinar "Um lugar para todos" a falar sobre as reuniões de pais. Este encontra-se disponível agora para aquisição assíncrona.
Relembramos o nosso Webinar "Matemática Natural", que disponibilizamos novamente para aquisição e que se relaciona a primeira temática desta newsletter.
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